segunda-feira, julho 23, 2012

Apresentação no serviço militar...



Segunda-feira, 23 de julho, 5h30 da manhã, a odisséia para o grande dia da apresentação ao serviço militar começava. No documento, o horário oficial era chegar às 6h da manhã. Cheguei por volta das 6h15 no Tiro de Guerra em Caruaru. Durante o caminho, um medo me acompanhava, principalmente por chegar atrasado e levar uma bronca de algum sargento conhecido pela fama de durão. Mas, logo quando cheguei não teve nada disso, fui surpreendido por uma fila enorme, com dezenas de jovens, uns mais novos, outros mais velhos, um misto de pais de família, estudantes e desempregados. O atendimento só começaria a partir das 8h. A primeira pegadinha do exército durante a seleção.

Antes de continuar, é inevitável não citar os milhares de comentários que eu ouvi e que me deixaram com bastante medo da seleção do exército, causando quase uma aversão. Primeiro disseram que eles não perdoavam ninguém, todo mundo que fosse iria servir. Segundo que eles eram durões, até bicho era bem mais tratado lá dentro, os pobres dos candidatos ao serviço militar eram humilhados na apresentação. Claro, ouvi também a clássica, de que eu podia me preparar porque iria ficar pelado na frente de todo mundo, forçado a abaixar, levantar, correr, além de ser totalmente zombado e tudo isso: pelado, o que não é muito agradável.  Durante a fila, todas essas lendas, quase urbanas, foram ditas. Cada um tinha uma história de um primo, irmão, amigo de amigo que sofreu bastante no dia da apresentação do serviço militar, realmente um medo rondava aquele lugar.

Continuando... eu tive a certeza que iria demorar para sair daquela fila e entrar para saber logo do resultado, se seria dispensado ou selecionado para servir ao exército diariamente por quatro horas no período de seis meses ou um ano. Os comentários eram tantos, cada um com uma dúvida e uma história mais horripilante do exército que a outra, todos apreensivos. Foi aí, que resolvi colocar o meu fone de ouvido e ser embalado durante algumas horas pela minha set list do celular. Chico, Jeneci, Lira, e outros cantores me acalmaram e acompanharam durante horas e horas, naquela fila. Me fez até esquecer o que eu realmente esperava, e em certos momentos me deixar calmo para saber logo o final daquele dia.  
Algumas vezes os sargentos passavam com cara de mau, principalmente para alguns candidatos que perturbavam as menininhas que passavam pelo o local assustadas com a quantidade de meninos em um só lugar. Os aprendizes, que já fazem parte do exercito, não perdiam a oportunidade de amedrontar e abusar do poder de está vestindo a farda, hora e outra passavam criticando alguns presentes na fila, principalmente por estarem usando colares, brincos, segundo eles “apetrechos femininos proibidos no exército”.
Foram cerca de quase 12h de fila, sai por volta das 16h. Gosto de filas, gosto de ouvir as pessoas. Eram histórias de jovens casados que temiam ser selecionados e não ter tempo para trabalhar. Garotos que já trabalhavam. E até alguns, que tinha esperança de serem selecionados, por não fazerem nada em casa, seria uma boa ocupação. 
Por volta das 15h, quando depois de várias voltas na fila e ainda sem comer nada, cheguei na porta do tiro de guerra. Faltava apenas um passo para entrar, ser atendido e saber o meu futuro de aproximadamente um ano.  Cheguei, apresentei os meus documentos, e logo vi que meu nome não estava na lista dos dispensados, até porque eu estava em débito com o serviço militar, pois não teria me apresentado na idade certa, infelizmente por conta de descuido. Fui recomendado a entrar, sentar e esperar junto a outros jovens que já estavam por lá.  
Confesso, que não é coisa de outro mundo. Não são bichos, são pessoas normais, não vou dizer que são um exemplo de sensibilidade e simpatia, mas também não são como os colegas alertaram. Educados na medida que se permitem ser, afinal tem que demonstrar serem durões. 


Após ser convidado a esperar, demorei um pouco mais que outros, mas finalmente fui atendido e mandado para a sala de exames. Lá, para a minha surpresa o médico era muito simpático, pediu que todos que estavam na sala, um grupo de aproximadamente dez jovens, ficassem apenas de cueca. Nada demais, jovens de cueca para um exame médico, como pesagem, medição e um curto exame de vista. Fomos bem tratados e pedidos gentilmente para sair da sala.
Por fim, esperei mais um pouco, o sargento veio com alguns nomes, entre eles o meu, e disse o que eu mais queria ouvir: vocês estão dispensados. Motivo? Excesso de contingência. Para quem não sabe é quando o número de candidatos ultrapassa a do tiro de guerra. Agora, basta retornar, fazer o juramento da bandeira e pronto, terei  em mãos a reservista oficial.
Um dia bem cansativo, que gerou muita fome, fraqueza e dor de cabeça. Mas, tudo por uma boa causa. Sei que alguns fazem esse tipo de procedimento com mais facilidade, tem oportunidade de fugir dos protocolos. Mas não trocaria isso por uma ‘facilidade’.  Foi bastante proveitoso passar o dia nessa fila. No futuro poderei dizer como foi um dia no serviço militar.. Afinal, até que não é um bicho de sete cabeças. 
Que me perdoem os mais velhos que acham que para ser homem tem que passar pelo o serviço militar. Me perdoem quem serviu ao exército, vocês têm o meu respeito. Que me perdoem quem acha que democracia é servir obrigatoriamente. Mas, na minha opinião, acho que posso ajudar muito mais o meu país, contribuir um pouco, com outras funções. Serei mais útil, sem dúvida. Meu patriotismo vai além. 
Ratá-tá tá tá...
Tatá-rá tá tá...
Ratá-tá tá tá...
Tatá-rá tá tá...
Ratá-tá tá tá...
Tatá-rá tá tá...
Ratá-tá tá tá...

quinta-feira, maio 03, 2012

Ho-ba-la-lá...



Hoje terminei de ler a saga 'Ho-ba-la-lá - À procura de João Gilberto'. Foi um prazer poder entrar em um mundo tão particular. Na verdade, dois mundos, o de João Giberto e também o do finado Marc Fischer. O livro conta a história do jornalista Marc, natural de Berlim, ele vem para o Brasil, passar uma temporada no Rio de Janeiro com um violão nas costas. A sua busca é de simplesmente encontrar João e pedir para que ele toque Ho-ba-la-lá. Uma longa saga, um exemplo, uma história bem feita, bem aprofundada.

Foi bom entrar na vida de tantas pessoas, há tempo não lia tão rapidamente. Desvendei e fui a cada lugar. Só lamento o fim do pobre Marc, poucos meses antes do lançamento do livro, suicidou-se na Alemanha. Talvez o 'vampiro' cantor de 'O pato' mecheu demais com a mente do jornalista, tão experiente.



Me senti próximo de João. Tão próximo do que quando cheguei perto de Bebel Gilberto. Se bem que, dizem que nem a própria filha o vê. Mas, o interessante do livro é que existe na verdade uma desmistificação do homem. Ele não é tão estranho. Não é tão dificil. Apenas chegou onde queria, caminha como quer, em busca da perfeição e da batida perfeita, clichê, mas sim, da batida perfeita.

Chega de saudade. Que Marc tenha conseguido passar o que quis. Uma inspiração. E que João, continue com a sua eterna beleza e seu grande mistério, seu eterno silêncio.

"Que não sai de mim, não sai de mim, não sai..."

quinta-feira, janeiro 27, 2011

Vila do Forró, e agora Capital do Forró?

Não sei se é o meu lado nostálgico que falou mais alto, ou a vontade de sempre ouvir o que o povo tem a dizer, mas o fato é que um sentimento de saudade e de boas lembranças me remeteram ao passado da Vila do Forró, que foi completamente demolida na calada da noite, sem a população de Caruaru saber, nesta quarta-feira (26). Ao saber disso, várias lembranças me vieram. Me lembro desde criança daquela vila que acendia suas luzes e parecia ter vida todos os meses de Junho. Lembro-me daquela igrejinha que sempre foi um ponto de descanso e brincadeira na minha infância, e também um ponto de encontro para aqueles que se perdiam ou marcavam encontro em meio ao tumulto das ruas cheias de gente, com o calor humano do São João. Quem nunca marcou encontro em frente a igrejinha? Quem nunca sentou nos bancos da igrejinha? Até mesmo fora do mês junino, mas ao passar por aquela rua, a lembrança do São João voltava memória.

Todas aquelas casas foram demolidas, a igrejinha foi demolida, aquelas ruas como nomes de grandes identidades do São João foram demolidas, mas não foi só isso, uma história pessoal marcada naquelas ruas de cada caruaruense, de cada turista que por ali passou também foi embora com esses destroços. Eu me pergunto o que será do São João a partir de agora? Qual será a sensação que vamos ter, quando começar o São João e olharmos para o lado e não vemos todas aquelas casinhas coloridas, a barraquinha da “tapioca do amor”, o pé-de-serra que animava nossos avós, todas as aquelas pessoas dentro e ao lado da igrejinha, todas aquelas luzes iluminando o São João. O que será que vamos sentir? Hoje, confesso que a tristeza e a lembrança de dez anos atrás esta falando mais forte. Um sentimento de revolta fala por mim. É como se tivessem rasgado uma fotografia de família, como se arrancassem um grande pertence do meu passado e não avisassem. Um atentado terrorista, que inesperadamente destrói um símbolo importante de uma cultura. Acho que o sentimento de “Eu fiz” “Eu destruo” foi o principal motivo disso tudo. Não vamos deixar que essas lembranças sejam apagadas da nossa memória. Isso jamais , autoridade alguma, poderá demolir.

quarta-feira, janeiro 26, 2011

Santana - Junior Barreto

Santana, uma música que já foi interpretada por Gal Costa, Lenine e Maria Rita. O que muita gente não sabe é que essa música é do caruaruense Junio Barreto. Recomendo!!

Santana - Junio Barreto
A santa de Santana chorou sangue
Chorou sangue,
Chorou sangue, era tinta vermelha
A nossa santa padroeira chorou sangue
Chorou sangue
Chorou sangue, era Deus e beleza,
Despego meu;
Quem girou a moenda partiu,
Na pressa o rosário quebrou,
Chorou, ah, chorou,
Louveira santa, desata o apuro
Leve etanto, sempre sido só
Tange solto, quebrado, quebrado Claro Carmo, nossa sede, obá.
Madeira oca estende o apulso
Capela sertana, sementeiro
Lajedo molhado, pisado, pisado Claro Carmo, nossa sede, obá, ô Nossa sede, obá, ô Nossa sede, obá